Os Sete Gatinhos – Projeto de Encenação na disciplina Direção I – Departamento de Artes Cênicas – ECA, USP por Marina Coelho

Discrição e análise da cena escolhida e apresentada

No contexto da peça Os Sete Gatinhos a cena trabalhada é o momento em que Seu Noronha, após interrogar as filhas e esposa acerca de quem fez desenhos obscenos no banheiro, começa a discorrer sobre a necessidade de encontrarem o alguém que perde suas filhas. Esta cena se localiza no final do primeiro ato como um pré-anuncio da decadência familiar que será escancarada nos atos seguintes.

Neste momento da peça, a família ainda está encoberta pelas mentiras e hipocrisias que esconde para a sociedade e dentro de si mesma. Mas a podridão que será mostrada mais tarde se anuncia em algumas falas. A exemplo da fala da Arlete em destaque abaixo:

“ SEU NORONHA: – Vocês estão vendo? Não se pode tratar bem uma mulher. A Gorda não aceita minhas desculpas! Lavo as minhas mãos! (saindo detrás da parede e indo para o púlpito) Mas vamos ao que interessa. Aconteceu, nesta casa, uma coisa que não podia acontecer. Debora sabe o que é. Vocês duas, ainda não, mas vão saber, já, já. Vou interrogar uma por uma. Quero a verdade e a culpada vai confessar tudinho! (para Arlete) Primeiro, você!

ARLETE: – Com licença.

SEU NORONHA: – Não! Vem cá, Arlete!

ARLETE: – Papai, despois que Maninha se casar, eu tenho umas boas para lhe dizer! Umas verdades! ”

Os principais temas que tentamos trabalhar cenicamente foram o ideal de casamento, as questões morais e econômicas a ele atreladas, a virgindade, a decadência da família e a relação dialética entre o escondido e o revelado que percorre toda cena.

O movimento dramático criado por Nelson Rodrigues permitiu-me esta leitura porque a nítida decadência da família era mascarada pela tentativa de adequação social, tentativa de pertencer a um círculo social materialmente burguês. Ou seja, as buscas de completude humana se localizam fora do próprio ser humano. Os indivíduos da peça por não se verem capaz de transformar sua própria realidade, transferem esta possibilidade a algo externo. Neste caso, o casamento de Silene. Estabelece-se, assim, a conhecida relação de consumo e descarte.

Na minha visão, estas camadas de mentiras da família são, entretanto, transparentes, nubladas, pois mesmo tentando escondê-las a família acaba por revela-las.

As cascas são representadas na peça por relações que as personagens estabelecem entre si e com o meio social alheio a família. Sao exemplos os empregos que as filhas mantêm em paralelo à prostituição; o fato de Arlete esconder sua homossexualidade; Dona Aracy desenhar caralhos voadores no banheiro e depois apagar; Seu Noronha mostrar-se um homem que preza pela moral e fingir-se inconsciente da prostituição das filhas.

Na cena, este movimento de cobrir e revelar se materializa no espaço através do cenário construído com uma parede de latas de tinta e dois pedaços de vidro sendo que um se torna o púlpito de onde Seu Noronha falará à família e o outro representa o banheiro onde a Gorda faz desenhos obscenos através de uma ação performática em que carimba o vidro com seu próprio corpo sujo de tinta nas partes sexuais e nádegas. O cenário transmite as imagens de um canteiro de obras, construído ao longo dos anos pela família decadente, resultados-restos de um ideal inalcançável.

As personagens em cena – Seu Noronha, D. Aracy, Hilda, Arlete e Débora – estão vestidas somente com blusa e a parte inferior, sexual, está revelada, sem roupa, mas coberta de tinta. Este figurino compõe o conceito estudado na cena pois mantem a dialética entre o escondido e o revelado também no corpo. É anunciada, no final da cena, a chegada de Silene, a filha virgem que vai voltar pra casa. Esta é a única que tem um figurino diferenciado. Está toda nua com uma mancha de tinta preta nas partes sexuais, escorrendo pelas pernas. Ela aparece no final da cena. Citarei as falas que lhe antecedem e a imagem final:

“SEU NORONHA: – Gorda, você não entende isso, Gorda! Nós usamos na Terra um nome falso que não é o nosso, não é o verdadeiro, um nome falso! Esse alguém que chora por um olho só, sabe que ainda temos uma virgem!

(a atriz que faz Debora empurra a parede de latas e anuncia)

ATRIZ: – Mandaram avisar que sua filha, virgem, Silene, vem hoje para casa.

(todos cantam e Silene aparece nua acima das latas de tinta)

(baixa lentamente a luz e acaba a cena)”

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A nudez de Silene e sua mancha preta é um meio de indicar que ela pode também não ser virgem embora seja esta pura virgindade que o texto de seu pai afirma reiteradamente. À ação dramática final se junta o canto ooooooh como se Silene uma coisa pura fosse. Seguem-se então outros cantos de oooooh com diferentes entonações até se configurar em um oooohh escrachado e irônico, que desritualiza o mito da virgem santa.

A cena decorre conjugando diferentes registros de interpretação: ação performática (D. Aracy), dramática (Hilda, Débora e Arlete) e épica (Seu Noronha). Esta sobreposição de leituras contribui para o aumento de estranhamento na encenação pois não se encaixam na busca de uma perfeita harmonia. O estranhamento nesta cena está presente também nos figurinos, no cenário, na movimentação das personagens e na sobreposição de registros interpretativos.

O fato de as três ficarem atrás das latas caracteriza um coro que se define principalmente no quesito movimentação. Primeiro atrás das latas e depois com duas das mulheres segurando vela e as outras duas como reflexos vivos de Seu Noronha.

Houve algumas alterações no texto. A seguinte fala de Seu Noronha acontecia no final, nós deslocamos para o início.

“SEU NORONHA: – Gorda! Chispa! Chispa, vai no banheiro apagar os nomes feios, os palavrões, depressa, Gorda!”

No texto de Nelson Rodrigues, Seu Noronha apenas relata que viu o espírito e que este anunciou que havia alguém que perdia suas filhas. Ao pedir que Noronha se dirigisse ao espelho, o espírito também informou que esta pessoa somente seria identificável pelo fato de chorar por um olho só.

Na nossa montagem optei por dissociar a fala de Seu Noronha. Esta é uma maneira de satirizar a construção do ideal de casamento presentificada em suas falas. Para isso, utilizamos o momento que ele declara que Arlete deve se desenvolver como médium para dissolver sua fala na boca de Arlete e depois sua visão no espelho é realizada com um jogo de espelhos onde a espelhada Hilda toma a palavra:

“ SEU NORONHA: Quero te dizer só uma coisa, Arlete: você é assim malcriada comigo, sabe por quê? Porque é um médium que ainda não se desenvolveu. Você se desenvolva, Arlete, ou seu fim será triste… E chega, ouviu? Chega!

(Arlete recebe o dr. Barbosa Coutinho. Está atrás da parede de latas que é derrubada neste momento. A plateia lhe vê de diferentes pontos de vista a depender de onde estiverem em relação às latas. Toca o atabaque com som de terreiro)

(Debora e D. Aracy colocam um véu na cabeça e acendem uma vela cada uma. Hilda corre assustada para o banheiro)

ARLETE: – Noronha, tem alguém que perde suas filhas, Noronha. Alguém que muda de cara e de nome. Pode ser qualquer um, um rapaz bonito ou, então, um velho como seu Saul! Se olha no espelho Noronha, se olha no espelho!

(Noronha caminha até o vidro da lateral direita, Hilda está do outro lado do vidro)

HILDA: – Pois bem. Olhei no espelho e vi dois olhos, vejam bem, dois olhos, um que pisca normalmente e outro maior e parado. O pior é que só o olho maior chora e o outro, não!

ARLETE: – Isola!

(Debora e D. Aracy apagam as velas, tiram o véu. Arlete se sacode como se o espirito estivesse saindo)”

Imagemfig. 2

Processo de criação

 

Primeira apresentação – 06.11.12

O processo de criação da cena aconteceu em três ensaios.

Os dois primeiros ensaios aconteceram do lado de fora da sala, numa parte do departamento que tem diversos lixos cênicos.

No primeiro ensaio a instrução era realizar o seguinte jogo uma etapa se somando a seguinte:

–       lermos o texto em voz alta sem determinação de personagens

–       lermos o texto em voz alta e andando pelo espaço sem determinação de personagens

–       parar de ler e guardar o texto

–       pensar em imagens que o texto e este espaço te sugerem, executa-la e congelar durante dois segundos e recomeçar

–       à medida que sentirem vontade poderiam compor imagens juntas ou falar frases que são do texto ou que pudessem ter sido.

–       a tarefa física que acompanhou estas pesquisas de imagem, voz, texto e corpo foi a necessidade de formar um espaço cênico onde atuaríamos em meio a todo aquele lixo cênico.

Apesar de a espacialidade não ter chegado a um lugar muito preciso do que seria necessário para produzir a cena, este jogo trouxe parte importante do final da cena onde Hilda se torna o reflexo de Seu Noronha, fig. 3.

O segundo ensaio também ocorreu do lado de fora, fizemos o mesmo jogo mas tentamos nos ater mais ao texto. O ambiente de sucata construído imitava uma sala. Este ensaio me deixou um pouco frustrada porque o ambiente exterior reduziu o sentido em vez de amplia-lo. A disposição da família em torno de si mesma na sala de estar limitava o sentido da cena e dificultava o diálogo com o público.

Decidi então que faríamos a cena dentro da sala e pensei em uma nova estrutura cênica (fig. 3 e 4). No terceiro ensaio experimentamos essa disposição e o crescimento da cena foi muito claro. As personagens apareciam mais individualmente e conseguiam sintetizar com mais força o grupo familiar da cena.

Busquei nesta cena descontruir o texto de forma cômica e crítica. As ideias de Seu Noronha sao apresentadas por um homem vestido com um roupão aberto mostrando o sexo pintado de tinta. Esta figura deveria ser respeitada. Consegue impor seu respeito a partir da posição que ocupa, por isso está na maior parte da cena, em um plano mais elevado (fig. 3,4 e 7) que as demais personagens. Mas sua podridão e decadência também está estampado em seu corpo.

No dia da apresentação, a reação da plateia foi algo que me surpreendeu muito. Trabalhamos para fazer uma cena bem humorada mas as pessoas riram muito mais do que eu esperava. As pessoas se divertiram e entenderam as críticas elaboradas a partir do conteúdo ideológico da peça.

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fig. 3

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fig. 4

Segunda apresentação – 26.11.12

Na segunda apresentação retomamos a cena fazendo uma alteração. Cantaríamos o trecho abaixo retirado de uma fala do Coro da peça A mãe de Bertolt Brecht (fig. 8) :

“Trabalham, trabalham

em vão sem contar esforços

para substituir o insubstituível e

recuperar o irrecuperável.

Quando falta o dinheiro não basta o trabalho

pois a carne que falta na cozinha

é falta que não se resolve na cozinha.

Por mais que faças,

nunca será o bastante.

A coisa está feia e vai piorar.

Não pode continuar,

mas qual a saída?”

Musiquei esse texto inspirada em uma musica que ouvi no período em que estávamos ensaiando as apresentações finais.

O objetivo ao inserir esse texto era tentar conectar obras poéticas muito diferentes mas que neste ponte se complementam. Este trecho da peça do Brecht me fez pensar nas personagens da peça Os Sete Gatinhos porque suas ações reproduzem desejos e comportamentos que não são casos de uma família singular mas padrões de comportamento social que podem ser questionados, reinventados, destruídos, reformulados.

Seguem fotos da apresentação: fig. 1,5,6,7,8 e 9.

Imagemfig. 5

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fig. 6Imagem

fig. 7

Imagemfig. 8

Imagemfig. 9

BIBLIOGRAFIA

RODRIGUES, Nelson. Teatro Completo Tragédias Cariocas I. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004.

BRECHT, Bertold. Teatro Completo 4. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

CHIARINI, Paolo. Bertolt Brecht. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967.

MARTUSCELLO, Carmine. O Teatro de Nelson Rodrigues. Editora Siciliano.

BRECHT Bertolt. Estudos sobre o Teatro. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 2005.

VIANINHA. Teatro Televisão Politica. São Paulo : Ed. Brasiliense, 1983.

 

 

ANEXO 1

Roteiro cênico

 

Cena Direção I Marina Coelho

 

Figurino: roupa arrumada, somente a parte de cima, tinta escorrendo pelo sexo e pernas e sapato.

Musica tocando

(foco em Dona Aracy desenhando caralhos, vaginas e bundas no vidro da direita)

(foco em Seu Noronha)

SEU NORONHA: – Gorda! Chispa! Chispa, vai no banheiro apagar os nomes feios, os palavrões, depressa, Gorda!

(sai foco Seu Noronha, D. Aracy começa a limpar. Volta foco em Seu Noronha e nas três filhas)

SEU NORONHA: – Bem, antes de começar, eu quero explicar uma coisa. É o seguinte: ainda agora, eu ameacei fisicamente, sua mãe. Debora viu. Ora, eu não tenho o direito de ameaçar, fisicamente, ninguém. Acho que quem dá na cara de alguém ofende a Deus. Portanto, eu, na presença de todas vocês, eu peço desculpas à Gorda. (vira a cabeça para a mulher) Gorda, você me desculpe!

D. ARACY: – Você ofende, e, depois, pede desculpas?!

SEU NORONHA: – Vocês estão vendo? Não se pode tratar bem uma mulher. A Gorda não aceita minhas desculpas! Lavo as minhas mãos! (saindo detrás da parede e indo para o púlpito) Mas vamos ao que interessa. Aconteceu, nesta casa, uma coisa que não podia acontecer. Debora sabe o que é. Vocês duas, ainda não, mas vao saber, já, já. Vou interrogar uma por uma. Quero a verdade e a culpada vai confessar tudinho! (para Arlete) Primeiro, você!

ARLETE: – Com licença.

SEU NORONHA: – Não! Vem cá, Arlete!

ARLETE: – Papai, despois que Maninha se casar, eu tenho umas boas para lhe dizer! Umas verdades!

SEU NORONHA: – Escuta, Arlete: eu fiz mal mas é que…

(D. Aracy começa a tirar as latas de tinta)

SEU NORONHA: – De fato, eu ando meio esgotado, nervoso, e, às vezes, engraçado, não me controlo… Mas Arlete, eu te peço: fica um pouco. Fica, minha filha. Preciso que todas as minhas filhas – e a Gorda – me ouçam. O que eu tenho a dizer prende-se à família. Eu tive cinco filhas. Acompanhem meu raciocínio: quatro não se casaram.

ARLETE, HILDA E DEBORA: – Grande novidade!

SEU NRONHA: Qualquer vagabunda se casa. A filha do Tolentino, aqui do lado. Não se casou? Entrou na igreja, de véu e grinalda, que só vendo. Hoje tem amantes, o diabo! Mas é casada, aí é que está! Casadíssima! E minhas filhas, não! Por quê?

DEBORA: – Eu sou muito fatalista, papai!

HILDA: – Não temos sorte!

(Arlete se posiciona na frente)

SEU NORONHA: – Não é sorte! Sorte, coisa nenhuma! Tem alguém entre nós! Alguém que perde as minhas filhas!

D. ARACY: – Quem?

SEU NORONHA: – Alguém que não deixa minhas filhas se casarem!

D. ARACY: – Diz o nome!

SEU NORONHA: – Não interessa nome! Nem cara! Eu não acredito em nomes, não acredito em caras! Esse alguém pode ser até o “seu” Saul!

DEBORA: – Por que logo “seu” Saul?

D. ARACY: – Até é camarada!

SEU NORONHA: – Agora vem o importante. Eu sempre senti que as meninas, aqui, eram marcadas e, ontem, eu finalmente soube por que vocês são umas perdidas! Isto é, soube de fonte limpa, batata! Quem me explicou tudinho não mente!

CORO:

(utilizado somente na segunda apresentação em 26.11.12)

– Trabalham, trabalham

em vão sem contar esforços

para substituir o insubstituível e

recuperar o irrecuperável.

Quando falta o dinheiro não basta o trabalho

pois a carne que falta na cozinha

é falta que não se resolve na cozinha.

Por mais que faças,

nunca será o bastante.

A coisa está feia e vai piorar.

Não pode continuar,

mas qual a saída?

D. ARACY: – E quem é ele?

SEU NORONHA: – O dr. Barbosa Coutinho! O dr. Barbosa Coutinho, que morreu em 1872, é um espírito de luz! Foi médico de d. Pedro II e o melhor vocês não sabem: os versos de d. Pedro II não são de d. Pedro II. Quem escreveu a maioria foi o dr. Barbosa Coutinho. D. Pedro II apenas assinava. (triunfante) Perceberam?

(Arlete faz um gesto a significar que o pai está maluco e vai para o centro da cena)

SEU NORONHA: – Vão ouvindo! Eu sempre senti que havia alguém atrás de minha família, dia e noite. Alguém perdendo as nossas virgens!

ARLETE: Ora, papai, o senhor acredita nesses troços?

SEU NORONHA: Quero te dizer só uma coisa, Arlete: você é assim malcriada comigo, sabe por quê? Porque é um médium que ainda não se desenvolveu. Você se desenvolva, Arlete, ou seu fim será triste… E chega, ouviu? Chega!

(Arlete recebe o dr. Barbosa Coutinho. Está atrás da parede de latas que é derrubada neste momento. A plateia lhe vê de diferentes pontos de vista a depender de onde estiverem em relação às latas. Toca o atabaque com som de terreiro)

(Debora e D. Aracy colocam um véu na cabeça e acendem uma vela cada uma. Hilda corre assustada para o banheiro)

ARLETE: – Noronha, tem alguém que perde suas filhas, Noronha. Alguém que muda de cara e de nome. Pode ser qualquer um, um rapaz bonito ou, então, um velho como seu Saul! Se olha no espelho Noronha, se olha no espelho!

(Noronha caminha até o vidro da lateral direita, Hilda está do outro lado do vidro)

HILDA: – Pois bem. Olhei no espelho e vi dois olhos, vejam bem, dois olhos, um que pisca normalmente e outro maior e parado. O pior é que só o olho maior chora e o outro, não!

ARLETE: – Isola!

(Debora e D. Aracy apagam as velas, tiram o véu. Arlete se sacode como se o espirito estivesse saindo)

D. ARACY: E como é o nome?

SEU NORONHA: – Gorda, você não entende isso, Gorda! Nós usamos na Terra um nome falso que não é o nosso, não é o verdadeiro, um nome falso! Esse alguém que chora por um olho só, sabe que ainda temos uma virgem!

(a atriz que faz Debora empurra a parede de latas e anuncia)

ATRIZ: – Mandaram avisar que sua filha, virgem, Silene, vem hoje para casa.

(todos cantam e Silene aparece nua acima das latas de tinta)

(baixa lentamente a luz e acaba a cena)